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quinta-feira, 28 de março de 2013

O significado da Pascoa



A Última Ceia do artista italiano Leonardo da Vinci

A Páscoa é um período de celebração muito importante para duas religiões: a judaica e a cristã. Para ambas, significa uma época de reflexão e de alegria. Apesar de várias coincidências numéricas e simbólicas, a motivação das duas festas é bem diferente. O Pessach dos judeus celebra o fim da escravidão no Egito e seu nascimento como povo. A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo.  A Páscoa (palavra que deriva do hebraico pessach – passar, saltar) celebra a ressurreição de Jesus Cristo, três dias depois de ter morrido na cruz. É a principal e uma das mais antigas festas do calendário cristão.
O dia de Páscoa é móvel – não tem data fixa no calendário. Coincide sempre com o primeiro domingo após a primeira Lua Cheia em seguida ao equinócio de março – a primeira Lua Cheia do outono.

A Páscoa judaica (Pessach)

O dia 15 de Nissan (primeiro mês no calendário judaico) marca a libertação dos judeus do Egito. É a data de formação do povo judeu, os 'Filhos de Israel', como diz a Bíblia. As comemorações começam nesse dia, no final da tarde, quando os judeus se reúnem na sinagoga para orações e depois realizam outra cerimônia em casa – a ceia do Pessach.

A Páscoa cristã

Sua origem está relacionada ao dia 14 do mês de Nissan do ano judaico de 2248 (cerca de 1300 a.C.). No nosso calendário gregoriano, o mês de Nissan ocorre entre março e abril.
Essa data marca a fuga do povo hebreu do Egito depois de 400 anos de escravidão. Liderados por Moisés, os hebreus conseguiram sobreviver à décima praga em que todos os primogênitos foram mortos por castigo de Deus. Eles haviam marcado o batente da porta de suas casas com o sangue de um cordeiro imolado (sacrificado em ritual). Esse era o sinal dado por Deus a Moisés para que o anjo da destruição passasse (pessach) pela casa dos judeus sem lhes fazer mal. No dia 15 de Nissan, os judeus estavam livres. A partir desse dia, todos os anos eles lembram a data de sua libertação comemorando o Pessach.

Já no ano 34 d.C., no mesmo dia 15 do mês judaico de Nissan, quando todos os judeus celebravam mais um Pessach, Jesus Cristo, morto na cruz três dias antes, ressuscitou. A partir desse dia, todos os anos os cristãos lembram a data da ressurreição de Cristo comemorando a Páscoa.

Quaresma
A comemoração da Páscoa, na realidade, começa 40 dias antes do Domingo de Páscoa. Tradicionalmente, a Quaresma é um período de penitência e purificação com orações e jejum, em preparação para a celebração da ressurreição de Cristo. Essa tradição de passar por um período de purificação está presente tanto na tradição judaica quanto na cristã: o jejum foi realizado por Moisés, pelo profeta Elias e por Jesus Cristo.

A Igreja Católica extinguiu em 1966 a exigência do jejum – que só continua obrigatório na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa –, mas continua incentivando a solidariedade com os pobres. No Brasil, desde 1964, a Igreja promove na Quaresma a Campanha da Fraternidade, que pretende atacar um problema social com a participação direta de toda a sociedade.

Até o século VII, a Quaresma começava no Domingo da Quadragésima (quadragesima dies), o quadragésimo dia antes da Páscoa. Contando com os domingos, durante os quais o jejum era interrompido, o número de dias até a Páscoa era inferior a 40.

Para manter a fidelidade ao simbolismo do número 40 (como afirma a Bíblia, 40 anos do povo judeu no deserto, 40 dias de jejum de Cristo), a Igreja antecipou o começo da Quaresma para a quarta-feira anterior ao Domingo da Quadragésima: Dia das Cinzas ou Quarta-Feira de Cinzas. Explica-se o porquê das cinzas: os primeiros cristãos costumavam passar cinzas na cabeça em sinal de humildade e respeito a Deus.

Semana Santa

A semana que precede a Páscoa cristã é chamada Semana Santa, por ser a preparação mais próxima da maior comemoração do cristianismo. Ela começa com o Domingo de Ramos e termina no Sábado de Aleluia, que antecede o dia de Páscoa.


Domingo de Ramos – Os sacerdotes benzem ramos de oliveira ou de palmeira e leem o texto evangélico da entrada solene de Jesus em Jerusalém. Esse ramo bento é colocado em uma cruz em cada lar ou sobre algum túmulo no cemitério. Simboliza a força da vida e a esperança da ressurreição. Nesse dia, a Igreja convida os fiéis a contemplar os padecimentos de Cristo em seu caminho para o calvário.

Ceia do Senhor – Na quinta-feira seguinte ao Domingo de Ramos celebra-se a Ceia do Senhor, ou seja, a instituição da missa com a tradicional cerimônia do Lava-Pés. Lê-se o relato da Paixão e realizam-se as procissões da Via Sacra ou Caminho da Cruz, com suas 15 estações (outra coincidência numérica com o Seder do Pessach judeu, que tem 15 etapas). No final da cerimônia, oferece-se a comunhão eucarística.


Sexta- Feira Santa – Nesse dia, também chamado Sexta-Feira da Paixão e Sexta-Feira Maior, ocorre à tarde a Celebração da Palavra, que não é uma missa, mas um ritual litúrgico em que se reflete sobre o significado da cruz, da dor e do sofrimento de Cristo pelos seres humanos. É o único dia da Semana Santa em que o jejum continua obrigatório para os cristãos.

Sábado de Aleluia – Ao meio-dia desse sábado, em alguns países da Europa e da América Latina, costuma-se 'malhar o Judas', ou seja, bater em um boneco de pano que representa o apóstolo traidor de Cristo, Judas Iscariotes, e depois queimá-lo. No mesmo sábado ocorre a Vigília Pascal, que começa com o acendimento e a bênção de uma fogueira ao lado da igreja. O fogo representa a luz, a iluminação que Cristo traz ao mundo. Depois, o círio pascoal (grande vela de cera) é aceso e levado em procissão pelas ruas. Na volta à igreja, os fiéis passam pelo rito da água – elemento que dá vida e renova todos os seres. A água é benzida e aspergida sobre a cabeça dos presentes. Em seguida, ocorre a Proclamação da Aleluia, um canto bíblico de alegria. É o anúncio da ressurreição de Cristo.

Domingo de Páscoa – No domingo, geralmente de manhã, as igrejas cristãs celebram a missa de Páscoa, que marca a ressurreição de Cristo três dias após a sua crucificação. Em várias cidades do Brasil são realizadas procissões de fiéis e religiosos, pelas ruas atapetadas com serragem, sementes e flores, formando motivos coloridos.

Ovos de Páscoa

Coelhos e ovos pintados por húngaros: símbolos da Páscoa cristã

Em todo o mundo cristão costuma-se dar ovos de chocolate no dia de Páscoa. Em alguns países do Leste europeu – Polônia, Ucrânia, Rússia, Hungria e outros –, segue-se a tradição de pintar artisticamente os ovos de várias aves, com motivos alegres e multicoloridos.

O ovo simboliza a vida que está a ponto de surgir, a ressurreição do que estava morto e o eterno ciclo de vida e morte no universo.

A tradição medieval proibia o povo de comer carne vermelha, doces e ovos na Quaresma. Os ovos de Páscoa são, portanto, também um símbolo festivo do final da quarentena de regime.

Os ovos ganharam tanta importância que a eles foram atribuídos poderes especiais. Eram tomados ovos que foram postos durante a Semana Santa, especialmente os da Sexta-Feira da Paixão, pois se acreditava que protegiam contra febres malignas ou pestes mortíferas.

A Igreja Católica, porém, afirma que os ovos não têm nenhuma relação com os acontecimentos da vida de Cristo, nem com a celebração da Páscoa, sejam eles de galinha, sejam de chocolate.

Os coelhos

Os coelhos são outro símbolo constante da Páscoa cristã. Representam a fecundidade, a exuberância e a reprodução da vida, pois são muito férteis. Símbolos de vida e vigor, o coelho e o ovo acabaram se confundindo, a ponto de se achar que os coelhos botam ovos.    

Tradição e comércio

A Páscoa começou a perder o caráter eminentemente religioso há cerca de dois séculos, com o avanço do capitalismo e o crescimento da importância do comércio na sociedade ocidental. Hoje, nas cidades que mantêm a tradição religiosa, a Páscoa é um grande festejo popular e, principalmente nas grandes cidades, mais um bom motivo para as famílias se reunirem. E comprarem para a criançada, quase como obrigação, os ovos de chocolate.

Os ovos em embalagens finas tornaram-se muito mais uma guloseima do que um símbolo tradicional da continuidade e do ciclo da vida, como é o ovo de verdade para os judeus no Pessach.

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