Conforme a professora Vera Lucia Silveira Botta Ferrante e, seu texto “A REFORMA AGRÁRIA DIANTE DAS ESTRATÉGIAS DO AGRONEGÓCIO: O CASO DOS ASSENTAMENTOS DE ARARAQUARA‐SP, BRASIL” , diz que “Acompanhar, por mais de duas décadas, a implantação e o desenvolvimento de numerosos núcleos de assentamentos de reforma agrária na região agrícola mais rica do Brasil, dominada pelo agronegócio da cana e da laranja, tem sido fascinante exercício sociológico.”, pensamos que: primeiro torna-se importante essa região pelo fato de ser um objeto de pesquisa do ponto de vista sociológico, porém percebemos que existem alguns pontos para exploração tais como: uma região agrícola “mais rica do Brasil”, outro seria que essa riqueza que é controlada pelo agronegócio.
Partindo desse prisma ela continua “Pode-se considerar quase um milagre que
reivindicações de trabalhadores destituídos de terra, (e à época também de
direitos trabalhistas), tenham conseguido estabelecer territórios de reforma
agrária, em meio à “chama verde” de extensos canaviais”, pensamos que uma
região “rica” como essa e dominada por coronéis dificilmente deixaria que
houvesse outro tipo de trabalho nessa região que não estivesse sob seu
controle.
Chama-nos atenção uma observação de Ferrante quando diz que, “Já nos anos
90, parte da nossa equipe de pesquisa, ligada a BOTTA FERRANTE, analisava
lutas, ajustes, avanços, recuos e resistências, buscando conceitos novos que
dessem conta dessa complexidade e chegando ao conceito de modos de vida, que
tem sido fértil do ponto de vista analítico para compreensão desses novos
atores sociais. Paralelamente, parte da equipe ligada a WHITAKER, aprofundava a
observação, com base no conceito antropológico de cultura, tentando compreender
os processos através dos quais sujeitos que sofreram dolorosas rupturas em suas
trajetórias, tentavam reconstruir suas vidas, reunindo fragmentos culturais que
lhes permitissem articular‐se dignamente ao sistema dominante. Por um lado, observavam‐se o
passado e as rupturas e, por outro, a reconstrução e os modos de vida. Parte
desse novo modo de vida implicou recuperar a mãe natureza: resgatar
conhecimentos do passado, renovar tradições, estabelecer diversidades e
heterogeneidades que garantam essa recuperação em terras desgastadas pela monocultura
de eucaliptos, por exemplo – caso de alguns núcleos de terras públicas cedidas
para assentamento na Fazenda Monte Alegre". (WHITAKER, 2003). Pensamos que com
essa fala ela demonstra que já existia interesse em observar esse fenômeno de
reforma agrária, debaixo das barbas dos coronéis.
Portanto conforme destaca a nossa amiga Chizlene, “Apartir da
subjetividade nas relações sociais que desenvolveram o olhar antropológico,
este trouxe os conflitos e as adaptações culturais que sofreram os assentados
enquanto que sociologicamente foram impulsionados à modificações vista ao
desenvolvimento do setor agro-industrial onde as tensões políticas e econômicas
passam a definir um novo modelo de vida destes assentados”, FERRANTE diz que
“Nossas pesquisas desvelaram um mundo de diversidade agrícola, alimentação
abundante e farto excedente para comercialização, além de cultivos específicos.
Cumpre lembrar, porém, que os assentamentos desta região são verdadeiros
enclaves, em meio à “plantation” de cana‐de‐açúcar, o que os fragiliza
enormemente face ao poder econômico do agronegócio.Temos acompanhado a luta dos
assentados que transformaram terras desgastadas em territórios de vida e
trabalho, com significativas vantagens para recuperação ambiental”.
Corroborando assim a fala de Chizlene.
Surge nesse cenário um interesse da classe dominante quando percebe que
os assentados permanecem firmes diz Cida, referindo-se ao texto de FERRANTE
“Mas, paralelamente, usinas de açúcar e álcool do entorno, investiram e, em
diferentes momentos, conseguiram parcerias autorizadas pelos poderes
competentes, inviabilizando algumas dessas conquistas. A presença constatada da
cultura agroindustrial da cana‐de‐açúcar nos assentamentos rurais expõe o futuro destas
experiências de Reforma Agrária a controvérsias de natureza diversa, o que
exige um olhar atento e crítico sobre esta trajetória”.
FERRANTE faz uma pergunta da seguinte forma, “Com a expansão da cana nos
assentamentos, quais disposições criadas são capazes de possibilitar aos
assentados tomarem as rédeas de suas vidas em suas próprias mãos, garantindo
sua subsistência e ampliando suas perspectivas de renda, sem prejuízo das
alternativas de participação, de inclusão e de organização social?”, pensamos
que uma vez que esse assentamento foi cooptado pelo agronegócio enfraquecendo
suas estruturas através dos meandros políticos a resistência dessa organização
torna-se vulnerável porém a mesma organização tem uma possibilidade de
continuar sua produção porém agora sob os olhares dos Agro-Industriais.
Encerramos com o último parágrafo desse texto quando FERRANTE diz,
“Reiteramos, cabe a nós, investigadores, analisar alternativas e rumos dessas
experiências de Reforma Agrária, os quais não podem ser discutidos sem ser
passada em revista, em profundidade, a trama de tensões presentes nos paradoxos
da integração do assentamento aos complexos agroindustriais e na difícil, mas
possível, perspectiva de um modelo de desenvolvimento alternativo”, pensamos
que os dominadores sempre querem estar subtraindo, e não querem somar e muito
menos dividir, sempre querendo mais esse é o capitalismo apoiado na não reforma
agrária.
Excelente !!!! uma verdadeira obra intectual ...
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